Presença de Liniker dá brilho especial a formatura do curso Trans-Formação

Lideranças capacitadas para agir como multiplicadores junto às comunidades de transexuais de Salvador e região metropolitana. Esse foi o resultado da primeira etapa do projeto Trans-Formação, concluído na noite de ontem (04/09) com uma festa de formatura no Teatro Solar Boa Vista, no bairro do Engenho Velho de Brotas.

A cantora Liniker veio especialmente para a cidade para se apresentar no evento. A iniciativa é uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização das Nações Unidas (ONU) com o apoio de diversas organizações não governamentais, entidades e empresas.

“Oferecer às pessoas trans que já atuam como lideranças em suas comunidades noções de cidadania, direito, ativismo social e outras habilidades necessárias para a atuação política é o primeiro passo de uma intervenção que visa à inclusão efetiva dessa parcela da população não só no mercado de trabalho formal, mas também nas esferas de decisão”, pontuou a procuradora do MPT Larissa Amorim, uma das responsáveis pela ação.

Essa foi a terceira etapa do projeto realizada no Brasil, sendo que as duas primeiras ocorreram em Brasília. Na etapa de Salvador, foram investidos R$200 mil no projeto, envolvendo consultorias, ajuda de custo aos participantes, estrutura e material de apoio para as aulas. Todas as atividades foram feitas no Casarão da Diversidade, espaço erguido com recursos destinados pelo MPT e mantido pela Secretaria da Justiça do estado da Bahia, que fica localizado no centro Histórico de Salvador.

Rede de contatos - As 23 participantes receberam os certificados após cinco meses de aulas e visitas a instituições públicas de defesa dos direitos. Nessa parte da capacitação intitulada mentorias, as alunas trans conheceram o dia a dia de órgãos públicos como secretarias de estado, MPT e Defensoria Pública, ciceroneadas por servidores. Para Angela Pires Terto, assessora de direitos humanos da ONU Brasil, “a experiência do projeto na Bahia foi extremamente positiva, não só pelo resultado que nós identificamos em cada uma das participantes, mas também porque conseguimos criar uma rede de contatos dessas ativistas da causa com agentes públicos de diversas instituições e isso certamente gerará frutos daqui para a frente”.

A mentoria realizada pela procuradora Larissa Amorim também foi destacada por ela como um dos pontos altos do projeto. “Essa fase foi muito rica porque pudemos trocar vivências, tanto apresentando a nossa instituição quanto conhecendo o mundo e as dificuldades dela”, relatou a procuradora, que foi mentora da transexual Karla Zhand de Jesus, ativista da Casa da Diversidade em Salvador. Agora, a procuradora já estuda a próxima etapa, que deverá ser voltada à capacitação de pessoas trans para o mercado de trabalho formal.

O projeto Trans-Formação surgiu a partir de campanhas feitas por entidades civis que atuam na defesa de direitos LGBTI+. Além da ONU e do MPT, o programa teve a participação governo da Bahia e contou também com a parceria da Associação Baiana de Travestis, Transexuais e Transgêneros em Ação (Atração), Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Coletivo De Transs Para Frente, Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat) e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).

A procuradora Larissa Amorim entrega o certificado a Karla Zhand ao lado do cantor Liniker
A procuradora Larissa Amorim entrega o certificado a Karla Zhand ao lado do cantor Liniker

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