Conexão Negra obtém a adesão voluntária de escritórios de advocacia

O projeto de promoção da diversidade ético-racial no mundo do trabalho Conexão Negra avançou para o módulo de advocacia, segunda fase da iniciativa que conta com a participação voluntária dos escritórios de advocacia.

O projeto do Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Cáritas do Brasil e o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) pretende não só aproximar os escritórios dos jovens negros e negras como também fazer com que esses jovens, após a capacitação do projeto, sejam aproveitados pelas instituições parceiras do Conexão. Os graduados em direito e estudantes da área interessados ainda podem se inscrever.

No último sábado (21/09) foram iniciadas aulas de advocacia na sede da Associação Cultural Ilê Aiyê, no bairro do Curuzu. O módulo terá duração de três meses com a participação dos dez maiores escritórios de advocacia de Salvador. A advogada e presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da OAB Seção Bahia, Dandara Pinho, é uma das responsáveis pela capacitação dos formandos. “Vamos promover a efetiva participação do negro no mundo jurídico, facilitando seu acesso aos grandes escritórios de advocacia, mas também pensando em promover a ocupação de outros espaços, como o Ministério Público e a magistratura”, pontou.

Dez dos maiores escritórios de advocacia de Salvador atenderam ao convite do Ministério Público do Trabalho (MPT) e participaram no último dia 13/09 da reunião inicial do segundo módulo do projeto Conexão Negra. A partir desse primeiro encontro, alguns deles já estão iniciando a participação, que é espontânea. Além de contribuir com a capacitação, oferecendo advogados experientes para compartilhar com os beneficiados a vivência do dia a dia de um grande escritório, as empresas convidadas poderão, ao final do processo, contratar esses jovens a fim de tornar o ambiente da advocacia mais inclusivo.

Projeto piloto – A iniciativa já qualificou 82 jovens de Salvador do módulo de publicidade. O compromisso das agências passa por ajudar a qualificar jovens negros na profissão e, para isso, foi criado o programa Conexão Negra. O piloto foi realizado em Salvador, entre maio e setembro. Durante três meses, 82 jovens participaram de palestras e aulas com publicitários de agências como Africa, Converse, Morya, Mutato, SLA e Y&R. Os encontros foram na sede do Grupo Cultural Ilê Aiyê, com apoio do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia (Sinapro/Bahia), Cáritas Brasileira, Pacto Global e ONU Mulheres. A entrega dos certificados aconteceu no último dia 14. O Conexão Negra também está sendo executado em São Paulo e deve ser levado para outros estados, como Rio de Janeiro e Maranhão.

A iniciativa tem o objetivo de capacitar 400 jovens negros para inserção e progressão no mercado de trabalho. O projeto está focado nos ramos de advocacia, empresarial, publicidade e estética afro e contará com a parceria de outras empresas para capacitar e futuramente contratar os jovens negros que passarão pelo treinamento. O projeto segue com as ações de inserção no mercado no setor publicitário, que já analisa a possibilidade de assinatura de um pacto com a ONU para formalizar o compromisso com a diversidade étnico-racial entre as empresas do setor na Bahia

Pacto na publicidade - Em São Paulo, 15 das maiores agências de propaganda do país firmaram na última segunda-feira (23/09) o pacto de busca de mais espaço para profissionais negros no mercado publicitário nacional com o MPT e a ONU. O documento foi assinado durante o Festival do Clube de Criação. As agências paulistas irão elaborar um censo de empregados, com recorte de raça/cor e gênero, de forma global e com indicadores de gerência e diretorias, possibilitando a criação de um observatório permanente. Também irão divulgar um organograma da empresa para todos os trabalhadores, com essas informações nos cargos, funções, gerências e diretorias.

Adesão ao projeto é voluntária. Nos últimos seis meses, o MPT fez reuniões com o RH das agências para apresentar o projeto, capitaneado pela procuradora do trabalho Valdirene Assis. Em seguida, o acordo foi assinado pelos presidentes e CEOs de cada empresa. “A adesão não é coercitiva. Faz parte de um esforço grande de diálogo das agências e das associações. Temos que trabalhar na construção da inclusão e acolhimento destes profissionais ao lado dos responsáveis pelas agências”, declarou a procuradora.

Formatura dos alunos da primeira etapa do projeto, na sede do Ilê, em Salvador
Formatura dos alunos da primeira etapa do projeto, na sede do Ilê, em Salvador

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