MPT orienta empresas a promover diversidade étnico-racial na seleção

Agora as empresas interessadas em promover a diversidade racial em seu quadro funcional contam com o aval do MPT para direcionar os processos seletivos.

O que antes não era feito por receio de infringir a lei já pode ser usado para direcionar a inclusão de negros no mercado de trabalho. A orientação é para que o recrutamento leve em conta a condição étnica. Organizações como Google e banco Santander já adotam a prática. Agora empresas baianas dos setores de publicidade, advocacia, empreendedorismo e estético afro terão a oportunidade de usar o sistema de recrutamento direcionado.

A Nota Técnica GT de Raça Nº 001/2018 prevê a possibilidade de contratação específica de trabalhadores da população negra e a possibilidade de anúncios específicos e bancos de dados e/ou plataformas virtuais de forma a concretizar o princípio da igualdade insculpido na Constituição Federal de 1988. O Princípio da igualdade e da não discriminação e o trabalho como garantidor de cidadania e dignidade da pessoa humana são os pilares da orientação.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Cáritas Brasileira iniciam este mês a capacitação de 400 jovens negros em Salvador nas áreas de publicidade, advocacia, empreendedorismo e estética afro. Serão quatro módulos, cada um com cem alunos, selecionados pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU). O Instituto Ethos também atuará no apoio às ações. A cada sábado cem jovens terão contato com profissionais das melhores agências de publicidade, dos maiores escritórios de advocacia, com grandes empresários e com os melhores representantes da área de estética afro.

A aula inaugural do projeto Conexão Negra acontece nessa quinta (30/05) na sede do Ilê Aiyê, parceiro local dessa iniciativa que pretende se espelhar por diversos pontos do Brasil, como São Paulo, onde já está sendo articulado o lançamento de ação semelhante. A partir das 14h, alunos e organizadores participam da aula inaugural. Profissionais das 12 maiores agências de publicidade do país irão participar, assim como representantes das maiores do setor no estado, que se reuniram hoje (28) na sede do MPT em Salvador para definir a participação nos cursos.


Negros são cinco vezes mais que brancos entre desempregados na Bahia

Em Salvador e Região Metropolitana, 357 mil negros estão desempregados. O número é cinco vezes maior do que o de brancos na mesma situação. Os dados foram divulgados este mês pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

Os números fazem parte do estudo 'A Situação dos Negros no Mercado de Trabalho da Região Metropolitana de Salvador', elaborado a partir dos dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED).

Além de apresentar um quadro do mercado de trabalho para 2007, o estudo também traça algumas comparações com a situação registrada em 1998. No ano passado, a População Economicamente Ativa negra somava 1,574 milhão de pessoas, o que equivalia a 86,6% da força de trabalho.

De acordo com o estudo, os negros estão em maior proporção no setor da Construção Civil, no caso dos homens, e nos Serviços Domésticos, no caso das mulheres. Isso, porque são áreas onde a ausência de proteção social é maior, as jornadas são mais extensas e, em se tratando da Construção Civil, a rotatividade é elevada.

Evolução pequena

De acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, em 2003, um negro ganhava menos da metade do salário de um branco (48%), e atualmente, na mesma comparação, houve apenas uma ligeira melhora, sendo que um negro ganha pouco mais da metade dos rendimentos de um branco (59%).

Ainda segundo a pesquisa, a taxa de desemprego entre os negros é de 14,6%, enquanto a dos brancos é de 9,9%, e a média nacional é de 12,4%. Ou seja, o desemprego para a população negra é 47,1% maior do que o da população branca.

E apesar de terem obtido uma melhora na condição de vida nos últimos anos, com maior inserção no ensino superior, este grupo continua sofrendo as consequências destes problemas históricos no país. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2005 e 2017, o percentual de negras e negros universitários saltou de 5,5% para 12,8%. Porém, este crescimento não é acompanhado em relação às vagas no mercado formal de trabalho, e mesmo os graduados ainda têm baixa representatividade nas empresas.

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