Carreta tomógrafo mapeia 556 casos de câncer por exposição ao amianto na Bahia
Um total de 556 vítimas foi beneficiado pelos exames de saúde promovidos para identificação de casos de câncer nos municípios de Bom Jesus da Serra e Poções, no sudoeste baiano.
A iniciativa, que busca confirmar a relação da exposição prolongada ao agente químico com a doença e encaminhar os pacientes para tratamento, aconteceu entre os dias 2 e 20 de setembro. A ação foi realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em parceria com a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea) e a Associação das Vítimas Contaminadas pelo Amianto e Famílias Expostas (Avicafe).
Para evitar que as vítimas permanecessem sem acesso a um diagnóstico e a cuidados de saúde, o MPT destinou mais de R$540 mil, a maior parte vinda de ações do MPT em São Paulo, para a ação. Os recursos viabilizaram a contratação da carreta com o tomógrafo, da equipe de médicos e de profissionais de saúde especializados na área de oncologia. Parte da verba foi usada na aquisição de um espirômetro e um computador, destinados, em ação movida pela procuradora Tatiana Sento-Sé, à Secretaria da Saúde de Bom Jesus da Serra e ao treinamento de profissionais locais para sua utilização em exames de acompanhamento.
A realização dos diagnósticos fazia parte de compromisso firmado pelas prefeituras locais com o MPT em 2001, mas o acordo não vinha sendo cumprido por falta de estrutura da rede pública. Os agentes de saúde, no entanto, rastearam os casos e encaminharam pessoas com suspeita de complicações de saúde aos serviços especializados. Com esse levantamento, foi possível programar a ida das equipes de diagnóstico para o esforço conjunto deste mês.
Foram feitos exames clínicos, como espirometria e tomografia computadorizada de tórax, em familiares e ex-empregados da mina de amianto explorada pela empresa Sama no município Bom Jesus da Serra. Ao todo, 331 pessoas passaram pela avaliação em Bom Jesus da Serra e 225, em Poções. Os laudos ainda vão ser finalizados e encaminhados para os pacientes pelas equipes médicas do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Hospital do Câncer de Barretos. A previsão é que isso ocorra até outubro.