MPT realiza seminário sobre assédio moral no setor de telemarketing
“A dor da gente não sai no jornal”. O verso do compositor Chico Buarque de Holanda foi citado pelo presidente do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia, desembargador Valtércio Oliveira, para falar sobre o assédio moral no trabalho.
Ele fez parte da mesa de abertura do seminário sobre o tema nessa segunda-feira (05) no auditório do Ministério Público do Trabalho (MPT). Com o a plateia lotada, composta por empresas de telemarketing, profissionais de recursos humanos, sindicatos, servidores de órgãos públicos, procuradores, advogados, estudantes de direito e trabalhadores de call center, o MPT realizou o Seminário Assédio Moral no Telemarketing.
Após a abertura do seminário, o auditor fiscal da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz-BA) e doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) André Luiz Souza Aguiar começou o ciclo de palestras falando sobre assédio moral e a precarização das relações de trabalho no setor de telemarketing. Ele explicou o trabalho feito para sua tese de doutorado. Em seguida, a pesquisadora-técnica da Fundacentro Ana Soraya Villas Boas Bomfim falou sobre o adoecimento do trabalho no call center. Ela contou um pouco sobre o trabalho da Fundacentro e sua atuação na esfera trabalhista e comentou sobre as primeiras denúncias recebidas sobre assédio moral no setor de telemarketing.
Para terminar o ciclo e entrar no debate com os participantes, a procuradora do trabalho e vice-coordenadora Nacional da Coordigualdade, Sofia Vilela, falou da atuação do MPT no combate ao assédio moral. Ela comentou a existência da síndrome do esgotamento mental, que é quando o funcionário fica tão cansado, estressado e esgotado que acaba cometendo atos agressivos. “Já temos as normas que preveem os riscos sociais. A lei não diz para não ter metas, mas que tenha uma compatibilidade com as condições do trabalho e tempo oferecido”, relata Sofia.
De acordo com a procuradora, o assédio moral visa controlar a subjetividade dos trabalhadores com regime extremo de metas abusivas, impedindo-o de realizar atividades pessoais, o que acaba levando ao adoecimento ocupacional, rotatividade e precariedade no trabalho em call center. “Estamos estudando e concentrando esforças para trazer ao conhecimento das empresas e funcionários sobre a importância da Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que trata, não apenas da ergonomia e meio ambiente de trabalho, como também de problemas psicossociais dos trabalhadores que sofrem com o assédio moral. Quando propomos uma ação civil pública (ACP) ou um termo de ajuste de conduta (TAC), estamos trazendo o que tem na NR 17, porque é o que a lei diz”, explica a procuradora.
Pela NR 17, as empresas devem permitir a fruição de pausas de descanso e intervalos para repouso e alimentação aos trabalhadores para prevenir sobrecarga psíquica, muscular de ombros e dorsos e membros superiores. Devem permitir a saídas dos postos de trabalho para satisfação das necessidades fisiológicas a qualquer momento da jornada. É vedado ao empregador exigir a observância e estrita do roteiro de atendimento e imputar ao operador os períodos de tempo ou interrupções no trabalho.
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