Projeto do MPT para resgatados do trabalho escravo é destaque na TV

O projeto Vida Pós Resgate, realizado numa parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Fundação Jorge Duprat de Saúde e Segurança do Trabalho (Fundacentro) é o principal destaque de reportagem que será exibida nesta terça-feira (16/07) pelo programa Profissão Repórter, na Rede Globo de Televisão, às 23h50.

Voltado a oferecer alternativas sustentáveis de renda para trabalhadores resgatados de situação análoga à de escravos, o projeto conta com unidades em diversos municípios baianos, com o fomenta à produção agropecuária por meio da formação de associações de produtores rurais para recebimento de insumos, recursos e capacitação.

No último ano, mais de três mil trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados no Brasil, o maior número já registrado nos últimos 14 anos. Na Bahia, a situação não e  diferente. Em 2023, o estado teve o maior número de trabalhador resgatados em uma só operação. Em janeiro do ano passado, 197 baianos foram encontrados pela fiscalização em condições semelhantes às de um escravo quando trabalhavam na colheita de uvas no Rio Grande do Sul. Parte deles está sendo atendida em núcleos do projeto no interior baiano.

"O acolhimento e o atendimento social dos resgatados é tão importante quanto as investigações e operações de resgate. Sem um apoio, essas vítimas rapidamente voltam à condição de vulnerabilidade socioeconômica que permitiu que elas fossem recrutadas como mão de obra escrava. Por isso, cabe a toda a sociedade promover a inclusão dessas vítimas", avalia a procuradora Manuella Gedeon, coordenadora de combate ao trabalho escravo do MPT na Bahia.

De acordo com o coordenador do projeto Vida Pós Resgate, o pesquisador da Fundacentro Vitor Filgueiras, o grande desafio é fazer com que os trabalhadores não se submetam à exploração novamente. "Se não houver uma alternativa sustentável de renda digna no local de origem dessas pessoas, elas vão retornar para relações degradantes de trabalho", diz. O projeto utiliza recursos de indenizações por danos morais coletivos pagas por empresas condenadas por trabalho escravo para criar associações de trabalhadores resgatados nas cidades onde vivem. Atualmente, existem cinco na Bahia.

Em Conceição do Coité, o presidente da associação da cidade, José Claudio dos Santos Ferreira, conta que não existem muitas alternativas de trabalho na região, e, por isso, muitos resgatados que conheceu acabaram saindo novamente da Bahia para trabalhar em outros estados. Já em Monte Santo, voltar a sair de casa não é uma ideia. O presidente da associação local, Givaldo Neves de Jesus, afirma que o projeto Vida Pós Resgate é a única esperança. "Trabalhar para nós mesmos é outro nível, depende só de nós para dar certo", diz.

As equipes do 'Profissão Repórter' se dividem, no programa desta terça-feira, dia 16, entre os estados de Minas Gerais e da Bahia para contar a história de alguns dos trabalhadores que foram resgatados e as dificuldades que eles enfrentam para recomeçar a vida. O programa vai ao ar às 23h50 na Rede Globo de Televisão em canal aberto para todo o Brasil. Também ficará disponível para visualização no aplicativo Globoplay (https://globoplay.globo.com/profissao-reporter/t/m9k2cnjw1D/)

Resgatados recebem capacitação, animais e insumos para a criação de cabras no sertão baiano
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