MPT inicia parceria com a Igreja para combate ao trabalho escravo

O Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Igreja Católica vão atuar juntos no combate ao trabalho escravo e na promoção do trabalho decente. O assunto foi tema de encontro realizado na manhã desta sexta-feira (27) entre o procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, e o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, na residência oficial do religioso, na capital baiana.

Também participaram da audiência o procurador-chefe do MPT na Bahia, Alberto Balazeiro, e o subprocurador-geral do Trabalho Otávio Brito Lopes. As duas instituições vão promover uma camapanha conjunta, com cartazes, folhetos e distribuição de vídeo para toda a regional Nordeste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“A questão que nos une é muito grave, muito séria e vamos iniciar este trabalho regionalmente para depois provavelmente levarmos para uma esfera nacional”, afimou o religioso, que destacou a capilaridade da Igreja para fazer com que a mensagem do combate ao trabalho forçado chegue a pessoas e regiões que muitas vezes as instituições formais não conseguem chegar. Quanto ao tema que será debatido este ano na convenção anual da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que é o trabalho de jovens, Dom Murilo ressaltou a importância de mudar os paradigmas da sociedade. “Precisamos mostrar para as pessoas que muitas vezes ao pensar ue estamos ajudano um jovem ao comprar uma bala numa sinaleira ou pagar para que ele engraxe nossos sapatos estamos na verdade alimentando a engrenagem que o leva a repetir o ciclo da pobreza”, declarou.

O procurador-geral do Trabalho também aproveitou o encontro para propor uma carta a ser levada ao conhecimento dos bispos do Brasil e posteriormente ao papa Francisco, através de correspondência oficial, com o intuito de sensibilizar a sociedade para a necessidade de enfrentamento da questão. “Precisamos dar visibilidade a este debate, rompendo as esferas jurídicas e chegando aos rincões”, pontuou Luís Camargo. O documento será encaminhado nos próximos dias juntamente com peças da campanha para apreciação do religioso. Segundo Camargo, “o MPT  já dispõe de materiais sobre o tema e seria interessante que eles fossem veiculados junto com a marca da CNBB e que se valessem da imensa rede que a Igreja tem para que chegue às pessoas de todo o país.”

O procurador-chefe do MPT na Bahia destacou o papel desempenhado pelo arcebispo na solução da maior greve da Polícia Militar do estado, em 2011, e os resultados obtidos em termos de ampliação do debate sobre o trabalho escravo com a campanha da Fraternidade de 2014, que tratou especificamente do tema. Camargo lembrou ainda da mensagem do papa do Dia Mundial da Paz, em que alertou para as diferentes formas de escravidão existentes no mundo. O subprocurador-geral Otávio Lopes citou exemplos de atuações de sucesso do MPT, como o projeto Resgatando a Cidadania, desenvolvido no Mato Grosso, que oferece capacitação profissional como forma de evitar que as pessoas resgatadas em situação de trabalho análogo à de escravos voltem a ser vítimas desse tipo de exploração.

Otávio Lopes, dom Murilo Krieger, Luís Camargo e Alberto Balazeiro
Otávio Lopes, dom Murilo Krieger, Luís Camargo e Alberto Balazeiro

Tags: Trabalho Escravo

Imprimir