MPT capacita educadores de 26 municípios para combate ao trabalho infantil
Envolver a escola para transformar a realidade dos alunos e de suas famílias é o mote do projeto MPT na Escola, iniciativa do Ministério Público do Trabalho que este ano conta com a adesão de 26 municípios baianos, com projeção de chegar a mais de 48 mil alunos do ensino fundamental.
Para que a metodologia proposta seja bem empregada, o MPT realiza hoje (30) e amanhã (31) em sua sede no Corredor da Vitória, em Salvador, a Oficina de Capacitação do projeto, recebendo educadores, coordenadores pedagógicos diretores de escolas e secretários de educação para debater o trabalho infantil e reforçar a rede de proteção è criança e ao adolescente no estado. No final do evento, as secretarias de Educação vão receber material didático fornecido para cada um dos alunos das escolas inscritas.
“Trabalho infantil não é solução para nada. É um problemão. Por isso, peço a cada um de vocês que tire as dúvidas e que possa sair daqui convencido e com argumentos fortes para mostrar o quanto a criança perde ao ingressar no mercado de trabalho”, declarou Calabrich. Ela destacou ainda a importância do Fetipa como instrumento de articulação da rede de proteção à infância. O procurador-chefe do MPT na Bahia, Alberto Balazeiro, deu uma pista para essa questão na abertura. “Todas as vítimas de trabalho análogo ao de escravos que já identifiquei em minha atuação como procurador relatam que ingressaram no mercado de trabalho ainda crianças. Por isso temos que combater o trabalho infantil para romper o ciclo da pobreza”, afirmou.
Entusiasmo - Coordenadora estadual do MPT na Escola, a procuradora Rita Mantovaneli, ressaltou que este ano o projeto se consolida de vez no estado, que é o segundo no país em participação de escolas e alunos, atrás apenas do Ceará, onde a iniciativa começou em 2008. “No contato que fizemos com as secretaria de Educação dos município este ano já identificamos um forte entusiasmo em aderir, inclusive com uma seleção mais apropriada das escolas, que este ano estão 60% na área rural, onde sabemos que a incidência do trabalho infantil é mais endêmica”, destacou. Ela informou ainda que os municípios procurados pelo MPT foram justamente os que apresentam os maiores índices de trabalho infantil segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, a Pnad, estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A juíza do trabalho Rosimeire Fernandes, gestora do Programa para a Erradicação do Trabalho Infantil do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT5), que também representou a Amatra5, destacou o papel fundamental a ser exercido pelo professor no processo de transformação da sociedade. “Acredito em transformação, acredito nos professores, que muitas vezes são o primeiro trabalhador violado em seus direitos, mas que tem o poder de mexer com a realidade de forma positiva. Por isso, destaco que esse conteúdo pode tornar mais rica a aula, pode empoderar vocês e transformar a realidade”, enalteceu. Sobre esse poder, o procurador Antônio Lima reiterou que “90% das crianças que trabalham estão na escola, mas têm geralmente rendimento menor e são três vezes mais sujeitas à evasão. Por isso, o olhar do professor, sua sensibilidade são fundamentais na tarefa de erradicar o trabalho infantil.
Concurso MPT na Escola - O evento prossegue até amanhã (31) reunindo os representantes dos municípios que aderiram ao projeto. Eles funcionarão como multiplicadores da metodologia a ser empregada durante o ano letivo. Para isso, votam para suas cidades levando material didático fornecido pelo MPT. Trata-se de um livro com linguagem simples e direta a ser entregue aos alunos, que traz o conteúdo de forma lúdica, além de atividades de fixação. A metodologia também prevê a realização de trabalhos artísticos, que poderão ser inscritos num concurso que premiará os melhores trabalhos nas categorias contos, esquete teatral, pintura e música. As inscrições vão até 31 de maio. A premiação total é de R$100 mil, sendo que cada trabalho premiado terá R$5 mil para o aluno, outros R$5 mil para o professor, mais R$5 mil para o coordenador municipal e R$10 mil para a escola.
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